quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Primeiros dias

Meu intercâmbio começou de fato quando eu pisei em Budapeste. De cara, a primeira surpresa: minha família não estava me esperando no aeroporto. Se isso acontecesse há algum tempo atrás, acho que entraria em desespero. Mas fui surpreendido com a minha calma. Fiquei relaxado em todos os momentos, ainda não sei como isso aconteceu.


Pedi ajuda ao pai anfitrião de Aryane, intercambista que me acompanhou durante a viagem. Ele ligou para todos os números possíveis (porém sem retorno). Tudo estava começando a ficar complicado quando vejo um cara barbudo com uma plaquinha abordando todos os garotos que via pela frente com a mesma pergunta: “Are you Tiago?”. Pois é... meu hostfather não me achou. Eu que tive que ir atrás dele dizer quem eu era.

Após todas as desventuras, agradeci aos pais de Aryane e segui com o meu. Ele me explicou que a família teve problemas com o trânsito no caminho até Budapeste (eles vinham do lago Balaton). Logo em seguida me deparo com Marci, meu hostbrother. Ele segurava uma plaquinha com alguma saudação em húngaro e meu nome. Fiquei muito feliz com a recepção. Depois conheci Ricsi, meu hostbrother mais novo e Gabi, minha hostmom. Todos muito simpáticos e atenciosos. Conseguiram fazer me sentir em casa logo no primeiro dia.

Ao invés de ir para Szolnok, fomos para o Balaton, um lago gigante onde a família estava passando férias. Logo de cara fui convidado pelo Ricsi a ir nadar. Como bom intercambista, não pude recusar o convite e acabei entrando na maior fria da minha vida. Fria mesmo, literalmente. A água estava MUITO gelada, não sei como ainda estou vivo. Ao sair do lago, fui devorado por mosquitos, vou ficar com marcas por toda a vida. Para completar o dia, fomos à vila do lago, um lugar bastante agradável, com várias casinhas no esitlo europeu e restaurantes. Tudo aqui é muito bonito e organizado, cheio de árvores, praças e casas espaçosas.

Depois de tudo isso não aguentei e apaguei na cama. Depois de mais de 24 horas sem dormir não estava conseguindo nem raciocinar direito.

No dia seguinte, fui com a família conhecer os pontos turísticos do Balaton. Fomos para um museu que não entendi direito sobre o que era. Começava com uns quadros antigos, coisas sobre a Hungria antiga e terminava com uma sessão de arte moderna. Lá conheci uma mexicana muito louca. O marido dela falava seis línguas fluentes, inclusive português. Fui introduzido com a saudação: "Deus é brasileiro".
Logo após o museu fomos visitar as ruínas de um castelo. Não fui preparado e levei muito sol, fiquei pior do que o fim de janeiro em Maragogi. Fui para todos esses lugares morto... o fuso-horário ainda não tinha me deixado descansar direito.

Depois de alguns dias no lago, finalmente segui para Szolnok, cidade onde vou morar.
Fui recebido com um almoço delicioso na casa de uma tia muito gente boa da família. Depois segui com Marci para conhecer um pouco a região onde moramos e fui para casa. Tudo aqui é muito diferente... a mobília, os quartos... nada parece com o Brasil. Tirar o sapato para entrar nas casas virou rotina também.

Quando escureceu fui com Marci para a casa de seu amigo que tinha viajado para o Equador no mesmo dia. Lá, conheci as pessoas mais legais de Szolnok. Fomos passear pela cidade. Tirei várias fotos, realmente gostei do lugar.
Szolnok não é uma cidade grande, porém tem de tudo. Lugares para sair, descansar, caminhar, nadar... tudo!

No dia seguinte fomos para um lago muito legal (dentro da cidade). Lá conhece Anna Szoboszlai, provavelmente minha hostsister da segunda família. Ela esteve no Brasil para fazer intercâmbio assim como Marci. Seu português é perfeito.

Depois de gastar muita energia, fomos para a casa de Zsombi (o que foi pro Equador). Tentamos assistir um filme, porém o sono  não deixou... marcamos para continuar na terça, onde sua mãe faria um jantar para todos.

Fui no Rotary depois desse dia. Lá tive que falar algumas palavras em húngaro e falar um pouco do meu intercâmbio em inglês. Pensei que não fosse conseguir, mas deu tudo certo. Conheci a outra intercambista que vai ficar em Szolnok. Seu nome é Ariana, dos Estados Unidos. Trocamos contatos e tiramos várias fotos, foi bem legal.

No dia seguinte, iria ficar só pela parte da manhã em casa. Marci teve que ir para Budapest para aulas de português, Gabi teve que trabalhar e levou Ricsi com ela.
Recebi um convite de Andris (um dos amigos de Marci) para ir ao centro de Szolnok.
Chegando ao local marcado, percebi que não estava com a chave de casa (achei que tivesse esquecido ela na porta). Andris ligou para Róbi (hostfather) avisando do ocorrido. Fomos orientados a buscar a chave no museu onde ele trabalha (ele é arqueólogo).
Chegando lá pude tocar em objetos usados na idade da petra, um dente de mamute, um osso de um tigre... foi muito legal.
Depois de alguns minutos, finalmente lembro de que tinha ido lá para pegar a chave. Recebo a surpresa de que ela não estava na porta. Quando comecei a ficar preocupado, conferi nos meus bolsos e pude notar que elas estavam lá, escondidas em algum buraco. Tudo foi motivo de risada, mas foi traumatizante para mim.
Chegando em casa, mais uma desventura: alguém ativou o alarme e ele desparou na hora que eu entrei. Sem saber o que fazer tentei ligar para todos os números possíveis, até que consigo falar com Róbi. Ele me deu a senha (em húngaro, quase dou um tiro na minha cabeça) e consegui desativá-lo. Por sorte havia aprendido os números alguns dias atrás.
Na parte da tarde, segui novamente com Andris até a estação de trem de Szolnok para buscar Marci. Depois seguimos para o flat dele, onde Marci iria raspar o cabelo.
Trabalho pronto, ele pergunta se eu queria raspar o meu também. Falei que não, claro... mas ele me garantiu que só ia tirar um pouco dos lados e que ia ficar muito bom. Com medo de ser mal educado aceitei. E hoje estou aqui, careca, completamente. Entrei em choque quando me vi no espelho, estou parecendo um macaco. Se cabelo não crescesse eu juro que teria cometido um assassinato naquele dia.

Antes de anoitecer fomos até um terreno onde Róbi estava escavando um castelo muito antigo. Tiramos fotos e seguimos novamente para a casa de Zsambi, para continuar o filme. Tive um jantar muito gostoso (assim como a maioria das comidas na Hungria). Quando terminamos fomos assistir o filme. Não aguentei e cochilei, acordei em um quarto estranho, não lembrava de muita coisa que tinha acontecido. Segui para casa e apaguei de novo.

Hoje estou aqui, escrevendo no meu blog e esperando para que mais fatos aconteçam. Está indo tudo muito bem, estou adorando tudo. A saudade ainda é grande... mas tenho tanta coisa pra viver aqui que nem tenho tempo de pensar nessas coisas.

Sexta sigo para Budapest, finalmente vou poder conhecer a cidade. Espero me encontrar com Aryane lá. Assim que tiver bastante notícias eu posto novamente.

Obrgado aos que acompanham!

Szép napot!

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

E a ficha começa a cair...

Daqui a exatos quatro dias deixo o país. Até então estava tranquilo, mas tudo mudou quando fechei o zíper da mala. Mala pronta, tudo quase pronto. Presentes para família, roupas, documentos... e o visto nada de chegar! O tempo é curto, mal tenho tempo para ficar nervoso, mas é só pensar no assunto que o coração acelera, a barriga fica gelada (porém continuo esperando pelo medo).
Ainda não acredito que ontem foi minha última quarta-feira, hoje a última quinta e em breve meu último final de semana em terras brasileiras. Tudo passou tão rápido e ao mesmo tempo demorou tanto!
Muitos de meus amigos já viajaram, outros estão na mesma situação que eu. A essa altura não dá mais tempo de ver nem metade das pessoas que planejava me despedir. A cada momento ouço um "até mais" que sempre me deixa um pouco machucado... e mais forte também.
O intercâmbio já está mudando a minha vida. A primeira tarefa é aprender a dizer "tchau", o que consequentemente me faz aprender a conviver com despedidas, lição difícil, mas fundamental.
Espero que o medo chegue logo, pois já estou começando a me sentir anormal. Ansiedade sim, essa já está comigo desde o dia da entrevista de seleção, mas ainda continuo a esperar o nervosismo pré-viagem que ataca a maioria dos intercambiários. Quero ter esse sentimento... adrenalina!

Minha próxima postagem será na Hungria. Nunca estive tão animado em toda minha vida.
Boa sorte para mim e para todos que estão entrando nessa aventura...

Jó éjszakát! (Boa noite!)