sábado, 30 de outubro de 2010

"Ele come a sua mão!"

Fui visitar um zoológico com a minha família para conhecer algumas espécies húngaras e rever outras comuns de diversas partes do mundo.
Passeando pelas jaulas em plenos 5ºC, encontro uma salinha com uma porta entreaberta. Pensando em ser a alameda dos répteis, entrei com toda a segurança, mas chegar ao local, um hipopótamo se encontra na minha frente - com apenas um ferro me separando do animal.
Quando menos espero, o bicho abre a boca, soltando um cheiro não muito agradável. 
No momento, estava com um pacote de ração dada pelo zoo para que alimentássemos alguns animais. Comecei a jogar comida para ele e notei um ar de satisfação vindo do mesmo.
Após alguns minutos no lugar, tomei coragem e comecei a tocá-lo. Logo em seguida, entra na sala um homem gritando palavras em húngaro. Ao perceber que eu não falava a língua, ele me dirige a palavra com o seu inglês bem "dizido": "HE EAT YOU HAND, HE EAT YOU HAND!" (algo como "ele come a sua mão!").
Logo após isso, descobri outra salinha que não me atrevi a entrar, mas estava destrancada também.
Ao lado do local, a placa: "Tigre Siberiano".
Se alguém entrou ali e ouviu alguém gritar "he eat you hand!", certamente não voltou para contar história.
E essa é a segurança dos zoológicos da Hungria.




terça-feira, 26 de outubro de 2010

Coisas do Brasil (parte 1)

Ouvir um "oxente" vindo de um alemão que morou em Recife em plena Budapeste assusta.
Escutar que ele sente muita falta de queijo de coalho então...

O dia perfeito


"O dia perfeito" começou numa manhã nublada de domingo.
Cansado e entediado, passei a manhã apenas organizando algumas coisas, nada demais.
Pela tarde, fomos almoçar na casa de uma tia húngara - a melhor cozinheira da Hungria.
Tudo ocorria normalmente até voltarmos para casa. Recebo a notícia de que teria que tomar conta de Ricsi e seu amigo que viria visitá-lo enquanto a família resolvia algo fora de casa.
Como intercambista não tem vontade própria, me preparei e fui cuidar dos demônios meninos.
Começaram me chamando para jogar futebol lá fora, num frio de 4ºC.

No meu caso, o que era ruim só fez piorar: um deles caiu no chão e começou a chorar. Sem saber o que falar e muito menos o que fazer, apenas esperei a criança engolir o choro e continuei a partida.
Como se não bastasse, o outro fez a proeza de jogar a bola até a janela de um vizinho.
Gritos em húngaro direcionados para o "responsável" já era de se esperar, é claro.
Encerrei o jogo e voltei para casa com os dois.
Pensando que estava livre, alguém grita: "esconde-esconde!".
O que resultou numa cortina quebrada, pipoca no chão, aquecedor destruído e muitos gritos.

Para fechar o dia e tentar aliviar o estresse, fui até um café com os outros intercambistas. Ao apoiar minha cabeça na mesa, me vem um garçom: "IF YOU WANT TO SLEEP, GO HOME! (se quiser dormir, vá para casa!)".
Não hesitei e saí do local mais chateado do que cheguei.

Fecharia o dia com chave de ouro. Mas ao chegar na porta de casa percebi que estava sem ela.
Pois é, a partir daí prefiro não tecer comentários.

domingo, 10 de outubro de 2010

Invenções húngaras

Como se não bastasse falar uma das línguas mais difíceis do mundo, os húngaros fizeram questão de inventar algumas coisinhas nada fáceis:

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Estou vivo!


Soube que vocês no Brasil estão sendo bombardeados por notícias sobre um vazamento de lixo tóxico de uma fábrica no oeste da Hungria.
Bem, estou exatamente no meio do país e distante do local do ocorrido. Eles estão tentando conter a lama para que ela não chegue até os principais rios húngaros (inclusive o que corta Szolnok).
Estou escrevendo para dizer que enquanto a lama não chegar até aqui (não vai chegar) e enquanto ninguém virar mutante, ainda estou vivo e seguro.

Szia!

Velence

Neste fim de semana fui com o Rotary para Veneza, na Itália. Um dos momentos que mais esperava no meu intercâmbio.

Ao todo, dez horas de viagem, desde a Hungria até à cidade alagada.

Tudo começou na sexta-feira, às seis horas da manhã, quando acordei para pegar um trem até Budapeste com os outros intercambistas de Szolnok.
Pela primeira vez na minha vida senti frio de verdade. Apenas dois graus em pleno sol húngaro. Resultado: picolé de brasileiro.

Fomos os primeiros a chegar no local marcado, tendo que esperar pelo menos umas quatro horas até entrar no ônibus que seguiria para a Itália.
Apesar de tudo, a espera não foi cansativa. Reencontramos os outros intercambistas que não víamos há quase um mês, e essa foi a melhor parte da viagem.

Depois de muita conversa, finalmente entramos no ônibus (local que também serviria de dormitório) e seguimos para a primeira parada: quarenta minutos no lago Balaton, ainda na Hungria.
A primeira vez que estive no local foi em pleno verão europeu. Uma surpresa rever aquele lugar no frio que estava fazendo.

Voltamos para o ônibus (que saudade dos da Caruaruense) e demos início ao passeio.
No caminho, muita bagunça, comandada adivinhem por quem? Brasileiros, é claro. E tudo isso ao som de Skank.
Foi assim até a segunda parada: Eslovênia. Nada de visita, apenas ida aos banheiros. E que banheiros...

Foram poucas as pessoas que conseguiram dormir no meio de tanto barulho e entre cadeiras apertadas. Sendo assim, descemos em Veneza mortos, mas com muita vontade de encarar o lugar.

Pegamos um táxi (diga-se barco) em direção ao centro da cidade, com destino à praça San Marco. Chegando lá, nos dividimos em pequenos grupos e fomos explorar o local.
Navegamos nas famosas gôndolas, provamos a pizza e o macarrão italianos (prefiro a macarronada de mainha) e batemos perna pelas principais ruas e becos de Veneza.

A cidade é muito bonita. Não há como comparar a nada existente. Conseguem manter a água verde e clara, com direito até a peixes!
Tudo é muito organizado e ao mesmo tempo bagunçado, mas é essa bagunça que dá um charme especial ao local.

Como em todo lugar nesse mundo, ali também é empestado de brasileiros, víamos uns dez a cada esquina cruzada.

Terminamos a visita, voltamos para o ônibus e passamos mais uma noite sem dormir. Chegamos em Budapeste às cinco da manhã. Fomos "abandonados" no frio e no deserto da cidade, que naquela hora possuía tudo fechado.
Ficamos desolados até às nove, quando finalmente encontramos um lugar aberto.

Quando íamos pegar o trem de volta, percebemos que tínhamos comprado o bilhete errado. Tivemos que esperar até 12:30 para pegar o primeiro trem.

Primeiros a chegar e últimos a sair, voltamos para Szolnok com saudades de tudo e de todos, porém com aquele pensamento de que "valeu a pena".

E que venha Viena!


Glu glu


Estava almoçando numa lanchonete com o mexicano até ser surpreendido por uma húngara perguntando se éramos estrangeiros.
Informamos a nacionalidade de cada um. Quando a palavra "Brasil" foi dita, vimos uma pessoa eufórica. Ela começou a explicar que amava o Brasil e que seu sonho era conhecer o nosso país.
Para prosseguir a conversa, perguntei qual era a cidade brasileira que ela mais tinha vontade de visitar, e um "Peru" voou até os meus ouvidos.

Pois é.
Peru, Brasil... primeiro mundo!