quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

#freeisaura

No período em que a Hungria era dominada pelo comunismo, o entretenimento e mídia eram altamente controlados pelo governo, que inspecionava cuidadosamente cada material que tinha a finalidade de ser transmitido pelo rádio ou TV.
Porém, diante dessa realidade, o país ganhou um "presente" vindo do nosso país. Presente esse que de certa forma mudou o cotidiano da população.


Há 35 anos, estreava no Brasil a novela "A Escrava Isaura", sucesso que foi exportado para vários países, inclusive à Hungria.
As aventuras e romances de Isaura e Leôncio tiveram papéis fundamentais na distração do povo húngaro, na época em que "entretenimento" era sinônimo de tédio e censura.
A série foi a primeira a ser transmitida no país, com o objetivo de "controlar as massas". E deu certo.

A hora da novela era sagrada. Não se trabalhava, não se saia de casa. As seqüências da trama viravam capa de jornais e assunto de conversa entre amigos.
O fanatismo era tão grande, que mesmo com toda a limitação financeira, foi feita uma "vaquinha" para trazer os personagens à Europa e enfim "libertar" Isaura.
Quando chegaram ao continente velho (especificamente na Hungria), os personagens eram esperados por filas que duravam dias, feitas por pessoas que tinham o único desejo de ganhar um aceno ou autógrafo dos ídolos. Há relatos de uma criança cega que passou dois dias na fila apenas para dar um "conselho" à escrava.

Depois de ser aprovada como experimento do governo húngaro, a trama seguiu para diversos países, criando histórias absurdas. Na Rússia, a palavra "fazenda" passou a integrar o vocabulário dos eslavos. Na Itália, Isaura tornou-se mártir de causas libertárias, com seu nome pichado em muros. Em Cuba, Fidel Castro mudou o horário de reuniões para não perder a novela. Na Bósnia, a guerra era interrompida durante a transmissão da série.

Hoje, o nosso país é conhecido pelo futebol, pelo samba, carnaval e praias. E, na Hungria, também pelo fenômeno que ajudou a iludir a população diante do autoritarismo do governo e inspirar os meios de mídias atuais.

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