quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Köszönöm

Köszönöm foi a primeira palavra em húngaro que aprendi. E sem nenhuma dúvida, é a palavra que mais uso no meu dia-a-dia De manhã, de tarde e de noite, para diversas coisas e situações.
Falando nisso, acho que esse é um bom momento para usá-la.
Köszönöm para todos que acompanham o blog e o fizeram receber mais de 4.000 visitas.
Köszönöm para todos que se interessam pela vida húngara, pelo intercâmbio, ou apenas para saber como eu estou.
Köszönöm para os que continuam acompanhando, mesmo com toda a demora para postar.
Köszönöm, köszönöm, köszönöm!
E se restar alguma dúvida: sim, um muito obrigado!

Coisas da Hungria (parte 2)

Diz a lenda que Átila, o Huno, está enterrado sob o leito do Rio Tibiscus (Tisza, em húngaro), na cidade de Szeged, perto da fronteira com a Sérvia.

O coco

A história do coco começou numa segunda-feira, quando eu estava no meio de uma apresentação de slides sobre o Brasil para minha classe.
No seguimento das imagens, aparece a foto de um coco verde (sim, aquele presente em todas as partes do Brasil).
Para a minha surpresa, uns quatro alunos gritaram:
-O QUE É ISSO?

Sei que a Hungria não é um país tropical e nem possui praias, mas não podia imaginar que a imagem daquela fruta presente em tantas refeições húngaras fosse desconhecida para eles.

Quando ia começar a explicar as características da "estranha" fruta verde, fui interrompido por um garoto:
-Na minha casa tem um pé dessa coisa!
Logo, a sala toda começou a fazer questionários e o menino foi forçado a levar um exemplar para turma no dia seguinte.
Na data prometida, estava ansioso para ver a tal fruta, até ver o que ele tinha na bolsa.
E aqui vai a imagem do famoso "coco" húngaro:


Pois é. Tanta expectativa para se tirar apenas uma conclusão: coco na Hungria é igual a neve no Nordeste; não existe.

sábado, 13 de novembro de 2010

Frio


Finalmente sei o que é viver nas quatro estações.

Depois de sair do Brasil num inverno de 20º e chegar na Hungria num verão de 40º, está difícil a minha adaptação para um outono que possui a média de 10º, mas que chega facilmente aos -2º.
E só de lembrar que ainda é outono, começo a ficar preocupado.
Se eu mostrar as fotos de Maragogi para as pessoas, o que vai ter de húngaro querendo se mudar para o Brasil não vai ser brincadeira.

Ah, mas brasileiro é matuto e sonha em ver neve. Quando os floquinhos brancos começarem a cair do céu, esqueço o frio na hora. Pelo menos no começo. É o que todos dizem.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Perto dos 3 meses...

...uma pequena retrospectiva:

Primeira reunião do Rotary
Os Kerstesz: primeira família anfitriã

Primeira refeição típica
Primeira visita à segunda família, já sem cabelo
Turista na cidade
Segundo dia na Hungria: o maior solzão para espantar a minha cara de sono
Brasileiros na primeira orientação em Budapeste
O famoso Balaton

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Coisas da Hungria (parte 1)

Os húngaros foram os inventores do fósforo, vitamina C e do cubo mágico, além da bomba de hidrogênio (dizem que por fruto da amargura de seu criador, que perdeu um dos pés atropelado por um bondinho).

sábado, 30 de outubro de 2010

"Ele come a sua mão!"

Fui visitar um zoológico com a minha família para conhecer algumas espécies húngaras e rever outras comuns de diversas partes do mundo.
Passeando pelas jaulas em plenos 5ºC, encontro uma salinha com uma porta entreaberta. Pensando em ser a alameda dos répteis, entrei com toda a segurança, mas chegar ao local, um hipopótamo se encontra na minha frente - com apenas um ferro me separando do animal.
Quando menos espero, o bicho abre a boca, soltando um cheiro não muito agradável. 
No momento, estava com um pacote de ração dada pelo zoo para que alimentássemos alguns animais. Comecei a jogar comida para ele e notei um ar de satisfação vindo do mesmo.
Após alguns minutos no lugar, tomei coragem e comecei a tocá-lo. Logo em seguida, entra na sala um homem gritando palavras em húngaro. Ao perceber que eu não falava a língua, ele me dirige a palavra com o seu inglês bem "dizido": "HE EAT YOU HAND, HE EAT YOU HAND!" (algo como "ele come a sua mão!").
Logo após isso, descobri outra salinha que não me atrevi a entrar, mas estava destrancada também.
Ao lado do local, a placa: "Tigre Siberiano".
Se alguém entrou ali e ouviu alguém gritar "he eat you hand!", certamente não voltou para contar história.
E essa é a segurança dos zoológicos da Hungria.




terça-feira, 26 de outubro de 2010

Coisas do Brasil (parte 1)

Ouvir um "oxente" vindo de um alemão que morou em Recife em plena Budapeste assusta.
Escutar que ele sente muita falta de queijo de coalho então...

O dia perfeito


"O dia perfeito" começou numa manhã nublada de domingo.
Cansado e entediado, passei a manhã apenas organizando algumas coisas, nada demais.
Pela tarde, fomos almoçar na casa de uma tia húngara - a melhor cozinheira da Hungria.
Tudo ocorria normalmente até voltarmos para casa. Recebo a notícia de que teria que tomar conta de Ricsi e seu amigo que viria visitá-lo enquanto a família resolvia algo fora de casa.
Como intercambista não tem vontade própria, me preparei e fui cuidar dos demônios meninos.
Começaram me chamando para jogar futebol lá fora, num frio de 4ºC.

No meu caso, o que era ruim só fez piorar: um deles caiu no chão e começou a chorar. Sem saber o que falar e muito menos o que fazer, apenas esperei a criança engolir o choro e continuei a partida.
Como se não bastasse, o outro fez a proeza de jogar a bola até a janela de um vizinho.
Gritos em húngaro direcionados para o "responsável" já era de se esperar, é claro.
Encerrei o jogo e voltei para casa com os dois.
Pensando que estava livre, alguém grita: "esconde-esconde!".
O que resultou numa cortina quebrada, pipoca no chão, aquecedor destruído e muitos gritos.

Para fechar o dia e tentar aliviar o estresse, fui até um café com os outros intercambistas. Ao apoiar minha cabeça na mesa, me vem um garçom: "IF YOU WANT TO SLEEP, GO HOME! (se quiser dormir, vá para casa!)".
Não hesitei e saí do local mais chateado do que cheguei.

Fecharia o dia com chave de ouro. Mas ao chegar na porta de casa percebi que estava sem ela.
Pois é, a partir daí prefiro não tecer comentários.

domingo, 10 de outubro de 2010

Invenções húngaras

Como se não bastasse falar uma das línguas mais difíceis do mundo, os húngaros fizeram questão de inventar algumas coisinhas nada fáceis:

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Estou vivo!


Soube que vocês no Brasil estão sendo bombardeados por notícias sobre um vazamento de lixo tóxico de uma fábrica no oeste da Hungria.
Bem, estou exatamente no meio do país e distante do local do ocorrido. Eles estão tentando conter a lama para que ela não chegue até os principais rios húngaros (inclusive o que corta Szolnok).
Estou escrevendo para dizer que enquanto a lama não chegar até aqui (não vai chegar) e enquanto ninguém virar mutante, ainda estou vivo e seguro.

Szia!

Velence

Neste fim de semana fui com o Rotary para Veneza, na Itália. Um dos momentos que mais esperava no meu intercâmbio.

Ao todo, dez horas de viagem, desde a Hungria até à cidade alagada.

Tudo começou na sexta-feira, às seis horas da manhã, quando acordei para pegar um trem até Budapeste com os outros intercambistas de Szolnok.
Pela primeira vez na minha vida senti frio de verdade. Apenas dois graus em pleno sol húngaro. Resultado: picolé de brasileiro.

Fomos os primeiros a chegar no local marcado, tendo que esperar pelo menos umas quatro horas até entrar no ônibus que seguiria para a Itália.
Apesar de tudo, a espera não foi cansativa. Reencontramos os outros intercambistas que não víamos há quase um mês, e essa foi a melhor parte da viagem.

Depois de muita conversa, finalmente entramos no ônibus (local que também serviria de dormitório) e seguimos para a primeira parada: quarenta minutos no lago Balaton, ainda na Hungria.
A primeira vez que estive no local foi em pleno verão europeu. Uma surpresa rever aquele lugar no frio que estava fazendo.

Voltamos para o ônibus (que saudade dos da Caruaruense) e demos início ao passeio.
No caminho, muita bagunça, comandada adivinhem por quem? Brasileiros, é claro. E tudo isso ao som de Skank.
Foi assim até a segunda parada: Eslovênia. Nada de visita, apenas ida aos banheiros. E que banheiros...

Foram poucas as pessoas que conseguiram dormir no meio de tanto barulho e entre cadeiras apertadas. Sendo assim, descemos em Veneza mortos, mas com muita vontade de encarar o lugar.

Pegamos um táxi (diga-se barco) em direção ao centro da cidade, com destino à praça San Marco. Chegando lá, nos dividimos em pequenos grupos e fomos explorar o local.
Navegamos nas famosas gôndolas, provamos a pizza e o macarrão italianos (prefiro a macarronada de mainha) e batemos perna pelas principais ruas e becos de Veneza.

A cidade é muito bonita. Não há como comparar a nada existente. Conseguem manter a água verde e clara, com direito até a peixes!
Tudo é muito organizado e ao mesmo tempo bagunçado, mas é essa bagunça que dá um charme especial ao local.

Como em todo lugar nesse mundo, ali também é empestado de brasileiros, víamos uns dez a cada esquina cruzada.

Terminamos a visita, voltamos para o ônibus e passamos mais uma noite sem dormir. Chegamos em Budapeste às cinco da manhã. Fomos "abandonados" no frio e no deserto da cidade, que naquela hora possuía tudo fechado.
Ficamos desolados até às nove, quando finalmente encontramos um lugar aberto.

Quando íamos pegar o trem de volta, percebemos que tínhamos comprado o bilhete errado. Tivemos que esperar até 12:30 para pegar o primeiro trem.

Primeiros a chegar e últimos a sair, voltamos para Szolnok com saudades de tudo e de todos, porém com aquele pensamento de que "valeu a pena".

E que venha Viena!


Glu glu


Estava almoçando numa lanchonete com o mexicano até ser surpreendido por uma húngara perguntando se éramos estrangeiros.
Informamos a nacionalidade de cada um. Quando a palavra "Brasil" foi dita, vimos uma pessoa eufórica. Ela começou a explicar que amava o Brasil e que seu sonho era conhecer o nosso país.
Para prosseguir a conversa, perguntei qual era a cidade brasileira que ela mais tinha vontade de visitar, e um "Peru" voou até os meus ouvidos.

Pois é.
Peru, Brasil... primeiro mundo!

domingo, 26 de setembro de 2010

Tá tudo dominado

Com origem na colonização, o famoso "jeitinho brasileiro", usado para denominar atitudes como trapaça ou a famosa "malandragem", acaba de se espalhar pelo mundo.
Tudo bem que brasileiro pode ser encontrado em qualquer esquina, de qualquer país, mas o fato agora é outro.

Vim para Hungria apenas com um visto provisório, tendo que tirar a residência de um ano quando chegasse.
Tentei resolver toda a documentação em Szolnok, mas recebi a notícia de que teria que me deslocar até Debrecen, uma cidade não muito longe daqui.

Cheguei da escola e fui com o meu pai anfitrião até lá. Duas longas horas silenciosas de viagem. A língua era um empecilho para a comunicação.
Como tudo relacionado à burocracia toma tempo, tinha a consciência de que demoraria uma eternidade na sala de espera da polícia.
Precisava voltar até às seis da tarde para poder comparecer à festa de aniversário surpresa da minha irmã anfitriã, mas sabia que isso talvez não fosse possível por causa do tempo.

Chegamos na polícia e retiramos a senha de atendimento. 185 era o número. A vez ainda estava no 104. O lugar estava lotado de asiáticos (como tudo aqui).
Já estava conformado em esperar pelo menos umas quatro horas na fila para ser atendido, até ser surpreendido por um homem.

"Você falar português?" Fui questionado.
Não, dessa vez não era brasileiro . Se tratava de um professor de matemática húngaro que tinha morado no Brasil por um ano (inclusive em Recife), tudo a trabalho.
Papo vai, papo vem, e ele me pergunta o motivo da minha vinda à Hungria.
Quando expliquei que estava aqui para estudar, recebi a informação de que teria que dar tudo de mim para poder acompanhar os colegas de classe.
A princípio, achei que ele estivesse falando da língua, mas logo ouço: "A ciência da Hungria não é igual a do Brasil. O brasileiro é um povo malandro, aqui não tem como enrolar não. Não dá pra dar jeitinho em nada."
É óbvio que levei tudo na brincadeira, mas isso me fez parar para pensar sobre a visão que nós, brasileiros, temos aqui fora.
A conversa é interrompida quando o nome do homem é anunciado.
Instantes depois escuto meu nome para comparecer à mesa de atendimento.
Sem entender porque tinha chegado minha vez tão rápido, fui até ao atendente, entreguei meus documentos e escutei uma voz pelas minhas costas: "Dei um jeitinho para você!".
Depois disso, consegui chegar a tempo para o meu compromisso e descobri a desgraça que brasileiro é.
Está certo, o senhor ali não era brasileiro, mas com certeza foi contaminado por algum.

As 10 coisas mais estranhas

E terminando a trilogia:


10. Ver constantemente velhinhos de 80 anos andando de bicicleta;


09. Tomar sopa todos os dias na hora do almoço;


08. Falar "forró" pra dizer que está muito quente;


07. Se levantar da banca todos os dias e dizer "bom dia, querido professor!" (igual ao Chaves);


06. Assistir "Caminho das Índias" em húngaro;


05. Jantar quando ainda está claro;


04. Não ter lugar para sair aos domingos, pois tudo (tudo) fecha;


03. Comer macarrão com açúcar (eca);


02. Tirar os sapatos para entrar em casa;


01. Ver os húngaros assoando o nariz sem pena durante as refeições (em qualquer hora, na verdade).

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

As 10 piores coisas da Hungria

Como nem tudo são flores, aqui vai o lado negro da coisa:


10. Comer um pão gigante e doce todos os dias no "reggeli" (café da manhã);

09. Gastar o equivalente à R$ 2,00 para mandar uma mísera mensagem de texto;

08. Comer pratos que derivam de vísceras de animais;

07. Ir para um dos maiores shoppings do país e se sentir no Polo Comercial (afinal, temos o Shopping Recife);

06. Acordar morrendo de frio e dormir morrendo de calor;

05. Ver como é ruim a qualidade da televisão (afinal, temos a Globo);

04. Escutar mil vezes a mesma música na rádio num intervalo de uma hora;

03. Se perder facilmente nas ruas por serem todas iguais;

02. Não conseguir se achar por não entender as informações dadas;

01. Ter a consciência de estar vivendo num país onde a língua é considerada a segunda mais difícil do mundo.

As 10 melhores coisas da Hungria

Fiz uma lista com as melhores coisas do país até o momento:



10. Sopas;


09. Poder caminhar pela noite sem medo de ser assaltado;


08. Achar que tem o pior futebol do mundo e perceber que é muito melhor que os húngaros;


07. Falar que é brasileiro e automaticamente virar o melhor amigo da pessoa que perguntou;


06. Poder visitar Budapeste quando der vontade;


05. Poder visitar qualquer cidade quando der vontade;


04. Mexicorn*;


03. Langos*;


02. Poder atravessas as ruas tranquilo, sem se preocupar com os carros (eles vão parar para você passar);


01. Água mineral gelada de graça nas ruas!





*Mexicorn



*Langos












Resumo

Os dias em Szolnok estão passando normalmente.
Acordo cedo, vou para escola, assisto as aulas e almoço. O almoço é no colégio, porém as vezes evito comer lá. Tudo por culpa de um certo estrogonofe de orelha que foi servido um dia.
Sempre procuro fazer algo com os intercambistas, pois tem hora que estudar húngaro pela tarde cansa.

Continuo passando por momentos complicados, como o da noite passada, em que descobri que o "creme de azeitona" que comia todas as noites com pão, era na verdade fígado moído. De agora em diante decidi NUNCA mais perguntar o que estou comendo, principalmente se a comida for boa (difícil).

Fui convidado para dançar em um baile (como aqueles de filme) e agora terei que fazer aula de dança três vezes por semana. Ainda estou pensando se me arrependo disso ou não.

Na primeira segunda-feira do mês marquei presença numa reunião do Rotary, onde recebi minha mesada, li um texto em húngaro e escutei o mexicano cantar Pavarotti para todos os presentes. Sim, Pavarotti. E muito bem!

Finalmente entrei numa academia. Mas já saí dela. Aqui não há instrutores e o ambiente é pesado demais.
Vou tentar agora outro esporte. Fui convidado para praticar remo no rio que corta a cidade. Quem sabe dá certo (se me agradar, continuo meu treino no rio Ipojuca).


Sigo minha vida acumulando fatos para postar aqui. Novamente, obrigado aos que acompanham. A cada semana o número de visitantes aumenta.

Jó napot kivánok!

sábado, 4 de setembro de 2010

A primeira desafinada...

... a gente nunca esquece!


Mas vamos deixar esse assunto para o final.

Agora: Budapeste.


No dia 27 visitei uma das melhores cidades que já fui em toda a minha vida. Marci precisava fazer uma prova, e como não sou besta, fui com ele e seu amigo Andris (guia turístico) para Budapeste.
Budapeste é uma cidade dividida em duas, separadas pelo rio Danúbio: Buda e Peste. Tem quase o triplo da idade do Brasil e consegue ser mais bem preservada do que muitos lugares novos que existem por lá.
A cidade é cheia de construções centenárias e até milenares, praças muito bonitas e arborizadas. Noventa por cento das pessoas são turistas, e oitenta e cinco por cento deles são asiáticos. É japa pra todo lado, não acreditava que estava na Hungria. Tiram foto até dos bueiros das ruas, incrível!
Chegamos à Budapeste às oito da manhã. Para isso, tive que acordar às cinco, muito cedo para os padrões húngaros. Ainda estava escuro e muito frio.

Pegamos um trem em Szolnok e depois de uma hora estávamos em Buda.

De primeira, não sabíamos onde ficava a escola em que Marci faria a prova, e nos perdemos. Quando nos achamos, deixamos ele no local e seguimos para explorar a cidade.

Andris já conhecia o lugar, então ele me levou para os melhores pontos turísticos. Começamos pelo palácio da cidade, um lugar com mais de quinhentos anos. O sol estava muito, muito forte. Novamente não fui preparado e agora o bronze é pior do que dois janeiros em Maragogi.

Algum tempo depois me encontrei com Aryane, a intercambiária de Petrolina que está em Budapeste.

Visitamos os lugares mais bonitos. Conhecemos igrejas, vimos a mão do primeiro rei da Hungria mumificada há mais de mil anos, fomos ao Parlamento, tiramos muitas fotos e caímos mortos em um restaurante japonês para almoçar. Foi um dos piores restaurantes que já fui em minha vida.

Fechamos a tarde com um cafezinho no Starbucks e seguimos de volta para Szolnok.
Cansado e com os pés doendo de tanto caminhar, ainda saí à noite para o encerramento do festival “Tiszavirág”, uma celebração que acontece todos os anos na cidade para comemorar a chegada de uma espécie de inseto muito bonita, que “surge” dos dois rios que cortam a cidade e vivem apenas um dia.

No dia seguinte dormi mais do que devia e saí à noite para conhecer um pessoal da minha futura escola.



No domingo, o grande momento.

Eu fui alertado pela manhã que minha mãe hospedeira faria o almoço preferido da família. Fiquei animado, afinal gosto um pouco da comida daqui. Mas mal sabia eu o que me esperava.

A manhã se passou e fui convidado para o “ebéd” (almoço). Quando sentei à mesa havia uns bolinhos com cara de pão de queijo (porém meio sem gosto). Comecei a comer enquanto o prato principal não chegava.

Alguns momentos depois fui surpreendido com uma coisa preta um pouco esverdeada que caíra no meu prato.
Assim que comecei a comer, senti um gosto muito estranho. A comida tinha cor de carne podre.
Caí na besteira de perguntar o que era, e a palavra “fígado de galinha cozido” entrou nos meus ouvidos.
A partir daí o mau já estava feito. Tentei de todas as maneiras comer sem respirar, pensar em outra coisa, tudo! Mas não teve jeito, não consegui e acabei contraindo meu estômago e dando a famosa “engunhada”. Para o meu azar não tinha nenhuma bebida disponível e comecei a lacrimejar. Quando percebo que todos estão olhando pra mim, dou um sorrisinho e volto a enfiar a comida na boca. Desejei morrer naquele momento.
Daria tudo para comer naquele restaurante japonês de novo, topava até uma buchada.
Terminei o almoço e perdi a vontade de comer qualquer coisa naquele dia.



Enquanto vocês lêem, vou vivendo mais momentos como esses para postar daqui a algum tempo. Os dias estão passando muito rápido e mal tenho tempo para internet.


Para os que questionarem, já estou ganhando novas habilidades com o intercâmbio: virei expert em mímica e em esconder caretas na hora de algumas refeições.

Obrigado aos que acompanham,


Szia!




quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Primeiros dias

Meu intercâmbio começou de fato quando eu pisei em Budapeste. De cara, a primeira surpresa: minha família não estava me esperando no aeroporto. Se isso acontecesse há algum tempo atrás, acho que entraria em desespero. Mas fui surpreendido com a minha calma. Fiquei relaxado em todos os momentos, ainda não sei como isso aconteceu.


Pedi ajuda ao pai anfitrião de Aryane, intercambista que me acompanhou durante a viagem. Ele ligou para todos os números possíveis (porém sem retorno). Tudo estava começando a ficar complicado quando vejo um cara barbudo com uma plaquinha abordando todos os garotos que via pela frente com a mesma pergunta: “Are you Tiago?”. Pois é... meu hostfather não me achou. Eu que tive que ir atrás dele dizer quem eu era.

Após todas as desventuras, agradeci aos pais de Aryane e segui com o meu. Ele me explicou que a família teve problemas com o trânsito no caminho até Budapeste (eles vinham do lago Balaton). Logo em seguida me deparo com Marci, meu hostbrother. Ele segurava uma plaquinha com alguma saudação em húngaro e meu nome. Fiquei muito feliz com a recepção. Depois conheci Ricsi, meu hostbrother mais novo e Gabi, minha hostmom. Todos muito simpáticos e atenciosos. Conseguiram fazer me sentir em casa logo no primeiro dia.

Ao invés de ir para Szolnok, fomos para o Balaton, um lago gigante onde a família estava passando férias. Logo de cara fui convidado pelo Ricsi a ir nadar. Como bom intercambista, não pude recusar o convite e acabei entrando na maior fria da minha vida. Fria mesmo, literalmente. A água estava MUITO gelada, não sei como ainda estou vivo. Ao sair do lago, fui devorado por mosquitos, vou ficar com marcas por toda a vida. Para completar o dia, fomos à vila do lago, um lugar bastante agradável, com várias casinhas no esitlo europeu e restaurantes. Tudo aqui é muito bonito e organizado, cheio de árvores, praças e casas espaçosas.

Depois de tudo isso não aguentei e apaguei na cama. Depois de mais de 24 horas sem dormir não estava conseguindo nem raciocinar direito.

No dia seguinte, fui com a família conhecer os pontos turísticos do Balaton. Fomos para um museu que não entendi direito sobre o que era. Começava com uns quadros antigos, coisas sobre a Hungria antiga e terminava com uma sessão de arte moderna. Lá conheci uma mexicana muito louca. O marido dela falava seis línguas fluentes, inclusive português. Fui introduzido com a saudação: "Deus é brasileiro".
Logo após o museu fomos visitar as ruínas de um castelo. Não fui preparado e levei muito sol, fiquei pior do que o fim de janeiro em Maragogi. Fui para todos esses lugares morto... o fuso-horário ainda não tinha me deixado descansar direito.

Depois de alguns dias no lago, finalmente segui para Szolnok, cidade onde vou morar.
Fui recebido com um almoço delicioso na casa de uma tia muito gente boa da família. Depois segui com Marci para conhecer um pouco a região onde moramos e fui para casa. Tudo aqui é muito diferente... a mobília, os quartos... nada parece com o Brasil. Tirar o sapato para entrar nas casas virou rotina também.

Quando escureceu fui com Marci para a casa de seu amigo que tinha viajado para o Equador no mesmo dia. Lá, conheci as pessoas mais legais de Szolnok. Fomos passear pela cidade. Tirei várias fotos, realmente gostei do lugar.
Szolnok não é uma cidade grande, porém tem de tudo. Lugares para sair, descansar, caminhar, nadar... tudo!

No dia seguinte fomos para um lago muito legal (dentro da cidade). Lá conhece Anna Szoboszlai, provavelmente minha hostsister da segunda família. Ela esteve no Brasil para fazer intercâmbio assim como Marci. Seu português é perfeito.

Depois de gastar muita energia, fomos para a casa de Zsombi (o que foi pro Equador). Tentamos assistir um filme, porém o sono  não deixou... marcamos para continuar na terça, onde sua mãe faria um jantar para todos.

Fui no Rotary depois desse dia. Lá tive que falar algumas palavras em húngaro e falar um pouco do meu intercâmbio em inglês. Pensei que não fosse conseguir, mas deu tudo certo. Conheci a outra intercambista que vai ficar em Szolnok. Seu nome é Ariana, dos Estados Unidos. Trocamos contatos e tiramos várias fotos, foi bem legal.

No dia seguinte, iria ficar só pela parte da manhã em casa. Marci teve que ir para Budapest para aulas de português, Gabi teve que trabalhar e levou Ricsi com ela.
Recebi um convite de Andris (um dos amigos de Marci) para ir ao centro de Szolnok.
Chegando ao local marcado, percebi que não estava com a chave de casa (achei que tivesse esquecido ela na porta). Andris ligou para Róbi (hostfather) avisando do ocorrido. Fomos orientados a buscar a chave no museu onde ele trabalha (ele é arqueólogo).
Chegando lá pude tocar em objetos usados na idade da petra, um dente de mamute, um osso de um tigre... foi muito legal.
Depois de alguns minutos, finalmente lembro de que tinha ido lá para pegar a chave. Recebo a surpresa de que ela não estava na porta. Quando comecei a ficar preocupado, conferi nos meus bolsos e pude notar que elas estavam lá, escondidas em algum buraco. Tudo foi motivo de risada, mas foi traumatizante para mim.
Chegando em casa, mais uma desventura: alguém ativou o alarme e ele desparou na hora que eu entrei. Sem saber o que fazer tentei ligar para todos os números possíveis, até que consigo falar com Róbi. Ele me deu a senha (em húngaro, quase dou um tiro na minha cabeça) e consegui desativá-lo. Por sorte havia aprendido os números alguns dias atrás.
Na parte da tarde, segui novamente com Andris até a estação de trem de Szolnok para buscar Marci. Depois seguimos para o flat dele, onde Marci iria raspar o cabelo.
Trabalho pronto, ele pergunta se eu queria raspar o meu também. Falei que não, claro... mas ele me garantiu que só ia tirar um pouco dos lados e que ia ficar muito bom. Com medo de ser mal educado aceitei. E hoje estou aqui, careca, completamente. Entrei em choque quando me vi no espelho, estou parecendo um macaco. Se cabelo não crescesse eu juro que teria cometido um assassinato naquele dia.

Antes de anoitecer fomos até um terreno onde Róbi estava escavando um castelo muito antigo. Tiramos fotos e seguimos novamente para a casa de Zsambi, para continuar o filme. Tive um jantar muito gostoso (assim como a maioria das comidas na Hungria). Quando terminamos fomos assistir o filme. Não aguentei e cochilei, acordei em um quarto estranho, não lembrava de muita coisa que tinha acontecido. Segui para casa e apaguei de novo.

Hoje estou aqui, escrevendo no meu blog e esperando para que mais fatos aconteçam. Está indo tudo muito bem, estou adorando tudo. A saudade ainda é grande... mas tenho tanta coisa pra viver aqui que nem tenho tempo de pensar nessas coisas.

Sexta sigo para Budapest, finalmente vou poder conhecer a cidade. Espero me encontrar com Aryane lá. Assim que tiver bastante notícias eu posto novamente.

Obrgado aos que acompanham!

Szép napot!

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

E a ficha começa a cair...

Daqui a exatos quatro dias deixo o país. Até então estava tranquilo, mas tudo mudou quando fechei o zíper da mala. Mala pronta, tudo quase pronto. Presentes para família, roupas, documentos... e o visto nada de chegar! O tempo é curto, mal tenho tempo para ficar nervoso, mas é só pensar no assunto que o coração acelera, a barriga fica gelada (porém continuo esperando pelo medo).
Ainda não acredito que ontem foi minha última quarta-feira, hoje a última quinta e em breve meu último final de semana em terras brasileiras. Tudo passou tão rápido e ao mesmo tempo demorou tanto!
Muitos de meus amigos já viajaram, outros estão na mesma situação que eu. A essa altura não dá mais tempo de ver nem metade das pessoas que planejava me despedir. A cada momento ouço um "até mais" que sempre me deixa um pouco machucado... e mais forte também.
O intercâmbio já está mudando a minha vida. A primeira tarefa é aprender a dizer "tchau", o que consequentemente me faz aprender a conviver com despedidas, lição difícil, mas fundamental.
Espero que o medo chegue logo, pois já estou começando a me sentir anormal. Ansiedade sim, essa já está comigo desde o dia da entrevista de seleção, mas ainda continuo a esperar o nervosismo pré-viagem que ataca a maioria dos intercambiários. Quero ter esse sentimento... adrenalina!

Minha próxima postagem será na Hungria. Nunca estive tão animado em toda minha vida.
Boa sorte para mim e para todos que estão entrando nessa aventura...

Jó éjszakát! (Boa noite!)

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Ainda em terras tupiniquins

Na minha primeira postagem nesse blog não irei postar informações sobre a Hungria ou sobre o intercâmbio... aqui se segue algo bem mais simples:

 Saudades...
             Talvez possa pensar que esse sentimento é um tanto precipitado, mas só quem faz parte de um programa de intercâmbio é capaz de entender. Depois de quase um ano preenchendo formulários, providenciando documentos e vivendo momentos estressantes, aqui estou, com uma pequena distância de um mês até o dia do meu embarque. Ainda não entrei na maior aventura da minha vida, mas já sinto saudades de todo o seu preparativo. Sinto saudades das pessoas que conheci, das reuniões, brigas, noites sem dormir, alegrias e decepções. Momentos como esses talvez não voltem mais. E é inacreditável pensar que isso tudo aconteceu antes do intercâmbio de fato. 
           Aproveito esse espaço para agradecer (se é que essas pessoas vão ler o que escrevo aqui) a todos que me ajudaram, que tiveram paciência e que me aguentaram nesses últimos meses. Não foi fácil, mas aqui estou, pronto para a primeira e quem sabe até para a segunda.
          Esse é o início de uma grande experiência.

          Obrigado!